LINDO !!!! Acabei hoje de ler, a 25 de
Abril..."O Sol dos Trópicos", de Henrique Galvão, de 1936, uma edição
creio da minha avó. Este romance tem muito que se lhe diga. Um filho de
camponês, deixa a aldeia da Beira sonhando n "a Riquesa ou
a Glória, a Celebridade ou a Autoridade"...desiludido e falido vai para
Angola para morrer...e é nos vales da Chela, entre o povo Mukubal, que
encontra a razão de viver...vou transcrever uma breve passagem...fica
aqui para pensar :
"...havia em mim um principio de felicidade
simples que brotava como os rebentos verdes da massambala no meu arimo.
Compreendia a vagabundagem dos mukubais -
não pelo amor do rebanho, mas
pela alegria física do movimento constante, pela variedade dos cenários,
pelos pequenos triunfos sôbre pequenas dificuldades de todos os
instantes, pela LIBERDADE gloriosa de contemplar nos cumes
incomensuráveis distâncias onde a mesma liberdade era consentida...vivia
como se o meu destino fôsse aquele: dormir onde calhava, comer quando a
fome o exigia e caminhar sempre atrás de aspectos novos e com
curiosidades renovadas." e quase no fim conclui :
" Às vezes acontecia lembrar-me da Europa.
E por grandeza nenhuma dêste mundo eu trocaria aquilo que era na
magnificiência do meu povoado por tudo o que em tempos desvairados tinha
desejado ser.
Que piedade, que enorme piedade por todos êsses que
se agitam em manada nas ambições da política, na embriaguês do mando,
nas intrigas para as subsistências! "
Obs - Henrique Galvão
nesta altura, 1936, ainda era pró-Estado Novo. Mas logo se desiludiu e
como devem saber, teve especial importância no desvio do paquete "Santa
Maria", que alertou as autoridades internacionais sobre a ditadura
fascista que se vivia em Portugal...
Obs2 - o que parece erro é simplesmente o modo como se escrevia em 1936
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